A utilização de filmes comerciais com objectivos educativos é uma das razões da sua existência numa biblioteca. Podemos apontar outros motivos como seja o facto de assim se permitir a preservação da memória colectiva, popularização do cinema, acesso à cultura, entretenimento ou complemento a obras literárias, mas a utilização pedagógica é um elemento que deve estar presente na selecção de uma colecção de cinema de uma biblioteca escolar.
Não sendo documentários científicos, os filmes conseguem transmitir de forma simples, atraente e emotiva determinadas ideias e modos de actuar. Um filme apresenta, de uma forma ficcionada e por vezes recheada de estereótipos, segmentos de vidas individuais. É precisamente esta noção de transmissão de conteúdos através de vivências o que mais facilmente atrairá um público jovem ao produto filme (especialmente se for do "cinema" Hollywood) deixando a grande distância o documentário puro e frio.
Assim os filmes devem ser olhados pelo responsável de uma biblioteca escolar (e não só) na sua vertente civilizacional, de modo a constituir um elemento de análise, documento problematizador e iniciador de debates, mas igualmente como recurso eminentemente curricular.
Quantas vezes já foi confrontado por algum professor com aquela pergunta ... "Temos cá algum filme que fale de ..." ? Claro que todos conhecemos alguns filmes que apresentam uma perspectiva sobre um ou outro problema mas não é fácil encontrar um trabalho de sistematização temático.
Dito isto, foi com satisfação que encontrei na página do site Psicologia.com.pt um trabalho sobre filmes que abordam problemas psico/sociais.
A lista está organizada em categorias e respectivos problemas: Clínica e Saúde (Alzheimer, Amnésia, Autismo, etc), Comportamento Desviante (Delinquência, Alcoolismo, Toxicodependência, etc. ), Relação Terapêutica (Sobredotação), Relações Humanas (Crianças).
Os autores até apresentam uma sinopse do filme que quem cataloga filmes sempre agradece!
E mais satisfeito fiquei ao aceder de memória à base de dados da minha biblioteca com uma sucessão de "Tenho!, Tenho!" ... e logo ficou feita uma lista dos "Não tenho!" para adquirir brevemente. Entretanto conheço mais alguns filmes para adicionar aos temas.
Claro que ter ou não um documento na estante pode ser o mesmo que nada. A minha ideia é então dinamizar esta colecção de documentos da seguinte forma:
- Promover uma vitrina/estante de cinema temático durante um mês: expor as capas/caixas com etiquetas relativas ao problema
- Indexar os vídeos existentes com as temáticas psico/sociais apresentados nesta lista (ou outras)
- Elaborar listagens temáticas a divulgar aos docentes da escola
- Recolher junto dos docentes indicações sobre a utilização temática que tenham feito de filmes. Só de pensar nos cortes que fiz ao filme "Dude where is my car ?" para uma aula de Psicologia sobre a memória penso nos filmes que outros já podem ter utilizado e que nem ao diabo lembrava.
Já agora se conhecerem mais listagens do estilo (estava a pensar numa actividade equivalente para as obras literárias adaptadas ao cinema), avisem!
Links:
- Psicologia na 7ª Arte: www.psicologia.com.pt/instrumentos/filmes/
Filmes que podem contribuir para a compreensão de determinadas problemáticas ou vivências relacionadas com o âmbito de estudo e de intervenção da Psicologia - Base de dados sobre Cinema: www.imdb.com
Para saberem mais sobre os filmes em questão utilizem o título original do filme e façam uma pesquisa neste site. Fundamental para quem trabalha com registo e catalogação de filme. - Ensinar com filmes: www.teachwithmovies.org
Mais virado para complemento à escola na formação do carácter, contêm inúmeras fichas de análise, quer para professores quer para pais
Comentários
Educativo! – amarra que impossibilita o vôo
http://www.faced.ufba.br/~bonilla/texto3.htm
«Não são os programas, filmes e softwares em si mesmos que vão conduzir à consecução de tais objetivos, e sim a postura que adotamos frente a eles.
Mesmo que não concordemos com os conceitos, os valores éticos e estéticos que muitos veiculam, é ao suspendê-los na instância do dizível, trazendo à tona, desvelando, problematizando, discutindo seus valores, limites e possibilidades, que os mesmos se tornam educativos.»
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