«Desde a conquista da escrita, poucas coisas modificaram tanto quanto nossa maneira viver, como a popularização dos livros. Na sociedade de consumo a indústria colocou nas mãos de todo o cidadão da classe média, confortos comparáveis somente a que tiveram os imperadores na antiguidade. (...) Mas poucas coisas foram tão radicalmente inovadoras como ter-se evoluído das bibliotecas medievais restritas, nas quais tinha-se que reter o conhecimento na memória (o livro não podia ser tirado de lá), a menos que fosse o bispo ou o abade, à biblioteca pessoal ou à biblioteca pública próxima e acessível. (...) Ler não é necessariamente uma garantia de sensatez e sabedoria. Muitos confundem a capacidade de soletrar, de encadear as sílabas, de decifrar um texto, com a arte de ler. Mas a leitura verdadeira consiste em liberar a carga de emoção, a imaginação, sensibilidade, sentido, e o ritmo que há em um texto, e os textos mais ricos são certamente os textos literários. Toda a língua é inicialmente u